Continuando a retrospectiva…
De março a julho de 2001, fiz a monitoria remunerada no museu etnográfico da universidade. Gostei tanto do trabalho que passava mais horas no local do que o tempo exigido no contrato. Era bom demais pesquisar, e o que aprendi valia muito mais do que a parca remuneração depositada mensalmente em minha conta corrente.
Além disso, esse período de aprendizado e dedicação me rendeu bons frutos logo: em julho, quando expirava a minha monitoria, foram abertas duas vagas de estágio no museu (destaque para o valor da bolsa: R$260,00, um pouco acima do salário mínimo da época), e fui convidada para ocupar uma delas, sem participar de novo processo seletivo.
Foi praticamente como ganhar na loteria: antes de começar o 4º período de meu curso eu conseguira uma vaga cobiçada – e disputadíssima, visto que os estágios remunerados são limitados – pelos alunos da universidade, ganhando um salário considerável por mais dois anos!
Portanto, de julho de 2001 a julho de 2003, trabalhei na catalogação e conservação do acervo etnográfico da instituição e em seus projetos de ação educativa. Cuidava das peças antes de irem para a exposição, acompanhava as visitas das escolas, participava de trabalhos de campo em cidades da região, desenvolvia cursos de extensão em escolas…
Enfim, vivia naquele e para aquele museu. Além de ser meu ganha-pão, era meu refúgio. Enquanto a faculdade às vezes era entediante com suas intermináveis teorias, no estágio o meu prazer era fazer algo prático, pois tudo o que eu lia nos livros tinha que ser realizado em meu trabalho diário.
Foram dois anos de muito aprendizado, amizades consolidadas, momentos impagáveis. Neste período, creio que aprendi mais que em cinco anos de curso.
Quando o contrato do estágio acabou, tive que colocar os pés no chão, procurar um emprego de verdade, sem o privilégio de fazer somente o que gostasse.
E agora começa a história da Funcionária do Mês.